Como Utilizar Inteligência Artificial para Qualificar Respostas Abertas na Captação de Leads

Neste artigo eu conto como utilizei meu conhecimento em Inteligência Artificial e Marketing Digital para solucionar o problema da utilização de campos abertos em formulários.

Por Diego Gomes | 7 min de leitura

Imagem gerada por inteligência artificial de uma prova impressa, com um lápis repousando em cima do papel.

Um dos maiores desafios para quem trabalha com Marketing Digital é a qualificação de leads. Num universo online repleto de formulários e captação, a pergunta que fica é: quais desses dados é de fato relevante para uma qualificação?

Nem todo dado fornecido é útil ou preciso. Saber de fato o que a sua persona busca é desafiador. Neste cenário, respostas abertas parecem ser uma solução.

Mas não são. Por quê?

Neste artigo te mostro a dificuldade em lidar com esse tipo de dado e como eu usei Inteligência Artificial para resolver este problema.

Os desafios de se utilizar campos abertos em formulários de captação

Campos abertos são um dos diversos tipos de campos que podemos utilizar na captação de leads – mas que raramente usamos.

Profissionais de marketing digital vão quase 100% das vezes optar por respostas fechadas, onde ele define como o usuário pode ou não responder.

O problema é que nem sempre as opções de respostas dadas são válidas ou expressam precisamente o que o usuário quer responder. Dessa forma, a qualificação é imprecisa.

Mas por que não utilizar, então, campos abertos, onde o usuário é livre para responder da forma que quer? Abaixo eu listo os principais motivos:

Dificuldade de mensuração

Se um formulário com campos abertos possui 200 respostas, serão 200 respostas diferentes. Isso torna a tarefa de mensuração e quantificação muito complicada.

Mesmo que 2 ou mais usuários deem respostas que, em sua essência, sejam praticamente a mesmas, é quase impossível que elas estejam escritas da mesma forma. Cada ser humano escreve e se expressa de maneira diferente. O que nos leva ao segundo ponto.

Dificuldade de segmentação

Segmentar o seu público é um ponto muito importante para uma estratégia de Marketing Digital de sucesso.

Segmentar respostas abertas é praticamente impossível. Um usuário que diz ter “100 funcionários” e outro que diz “cerca de cem colaboradores” podem ser colocados dentro do mesmo segmento.

Mas para profissionais que utilizam de ferramentas de larga escala, como RD Station ou Hubspot, a tarefa de unir os dois dentro de um mesmo grupo de forma automática se torna muito complicada.

Utilizar a resposta como variável de campanha

Uma estratégia comum – principalmente em campanhas de nutrição em Inbound Marketing – é utilizar respostas de usuários como variáveis.

O exemplo mais comum é a substituição da variável “PRIMEIRO-NOME” pelo nome fornecido pelo usuário em campanhas de e-mail marketing.

Estratégias mais avançadas vão além: incorporam nome de empresas, tamanho da equipe, problemas comuns, investimento, etc dentro de uma mensagem para torná-la mais pessoal.

Fazer isso com uma resposta aberta não é aconselhável. Afinal, você nunca terá a certeza que a resposta dada pelo usuário se encaixa perfeitamente na mensagem.

Com isso, a utilização de campos fechados se torna uma opção mais plausível.

Será?

Paulo Silveira, CEO da Alura, me disse uma vez que a maior transformação que uma Inteligência Artificial pode causar é em problemas do nosso cotidiano.

Então por que não a utilizar neste caso?

Como eu utilizei a IA para otimizar meus campos abertos

O primeiro passo foi utilizar meu conhecimento em lógica de programação para montar um processo simples do meu aplicativo que utiliza inteligência artificial para resolver os problemas levantados no item anterior:

1º Meu formulário capta as respostas abertas;

2º Minha ferramenta de gestão de leads – neste caso, RD Station – envia as informações submetidas para meu aplicativo;

3º Meu aplicativo utiliza o GPT4 – modelo de linguagem utilizado pela OpenAI – para ler a resposta e resumi-la.

4º Meu aplicativo envia de volta as informações à ferramenta.

Dessa forma, teremos registrado tanto a resposta original como o “resumo” gerado pela IA. Na teoria, funcionaria perfeitamente. Na prática, teríamos algumas problemáticas para resolver no percurso.

O problema das respostas geradas por IA

Respostas geradas por inteligência artificial não são 100% confiáveis. É muito comum ferramentas desse tipo “alucinarem”.

Além disso, minha lógica tinha uma falha obvia: substituir uma resposta aberta de um usuário por uma resposta gerada por inteligência artificial não soluciona nenhum dos 3 problemas que levantei anteriormente.

Resolvi os dois problemas com a mesma solução:

1º Testei diversos prompts e utilizei o mais confiável para a IA retornar as respostas mais precisas;

2º Estudei e modifiquei os parâmetros do GPT4 para que fossem entreguem respostas curtas e diretas.

3º Forneci uma lista com “prováveis respostas” da pergunta aberta para a inteligência artificial. Se a resposta do usuário se encaixasse dentro de uma opção dessa lista, ela iria me retornar esta opção. Se não, ela iria sugerir uma nova e atualizar a lista.

Com este último item eu teria, enfim, uma lista de respostas confiável. Se o usuário X respondesse a mesma coisa que o usuário Y, mas com palavras completamente diferentes, a IA faria o trabalho de retornar o mesmo “resumo” para ambos.

Como receber e enviar dados de volta para a ferramenta?

Neste ponto, não há segredo: é necessário conhecimento em programação (no meu caso, Python) para ler e entender a documentação das APIs das ferramentas.

Para minha sorte, o RD Station possui API aberta e uma documentação muito bem escrita, que me permite desenvolver aplicativos que recebem e enviam informações para minha conta.

A Inteligência Artificial como ferramenta de produtividade

Inteligência artificial é um assunto que cada vez mais vem sendo debatido dentro do universo do Marketing Digital.

Afinal, como utilizá-la de fato dentro de uma estratégia?

É difícil você encontrar artigos que fogem da resposta obvia: geração de conteúdo.

Uma IA, como o ChatGPT, pode sugerir temas, escrever e-mails, corrigir artigos e até produzir conteúdo inteiros – o que eu com certeza não recomendo.

Por mais que eu saiba que modelos de linguagem são essenciais para o apoio na criação de textos e para aguçar a criatividade, nenhuma inteligência artificial compreende sua persona melhor do que você.

Conteúdos gerados por IA são, por mais óbvio que pareça, artificiais. E lembre-se que por trás de toda estratégia, SEO, palavras-chave etc, o Marketing de Conteúdo é uma forma de responder perguntas de maneira precisa. Essa habilidade ainda é exclusiva dos seres humanos.

Por outros lado, utilizar a IA para aprender novas habilidades e resolver problemas específicos – como este que levantei neste artigo – podem te transformar num profissional mediano para um destaque em sua área.

O que você pode levar aprendizado

O que fica de aprendizado é: pense nos problemas que você enfrenta diariamente em seu trabalho. Aquelas mais chatos e que você odeia fazer. Agora pense como seria incrível um software que solucione essa tarefa para você.

A inteligência artificial pode ser o meio e o fim para isso. Você, assim como eu, pode criar sua própria solução.

Aqui, fica também um apelo: estude uma linguagem de programação. Não estou dizendo para você criar o novo Facebook. Estude apenas para conseguir entender o básico de APIs e não ser refém de ferramentas pagas que fazem o que você pode fazer por um preço muito maior.

Dê valor ao conhecimento.

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